Nós matamos as crianças

7.4.11
“Ninguém quer admitir que apanhou. 
Isso o diminui ante os colegas. 
É confissão de fraqueza. 
Alguns preferem apanhar calados”.
 Val Duncan, personagem do filme “Bang bang you’re dead”.


Enquanto a sociedade não cobrar mudanças em nosso defasado sistema de educação, ainda teremos de presenciar massacres como o ocorrido hoje em uma escola pública do Rio. Não é por influência da mídia que escrevo este texto. Por coincidência eu estava preparando um ensaio para a faculdade e o assunto era sobre a experiência de aprender e de ensinar. Uma das partes diz assim: 

“A escola deveria ser um local de libertação e aprendizado para estimular o estudante a pensar e a buscar conhecimento. Ela, no entanto, é usada para reprimir. E quando lá na frente, esses jovens (alunos) forem adultos frustrados e explodirem, a escola tentará se redimir de toda culpa. Falarão os especialistas que é justamente a falta de acesso à educação que fez eles se tornarem violentos. Na verdade, devemos buscar a educação de qualidade e tratamento digno em nossas escolas (...)”.

O colégio cobra do aluno a tarefa de casa de um dia para o outro e pune quem não faz. Mas, e a escola que teve bastante tempo e não se preparou diante das mudanças da sociedade, quem deve cobrar? Onde está o exemplo? Ela não sabe reagir no problema das drogas, do desrespeito ao professor, do bullying, ela apenas está ligada no piloto automático, passiva a tudo, robotizada. O mais preocupante é que não é formada por máquinas e sim por seres humanos que deveriam ter sentimentos, deveriam estar preocupados com o futuro dos jovens.

Porém, essas pessoas responsáveis por fazerem a escola estão somente atentas ao som do sinal que as libertará de mais um dia cansativo de aula. É uma grande farsa. O estudante também não vê a hora do tempo passar e voltar para casa ou ficar na rua papeando com os colegas, talvez os únicos a darem atenção a ele. O professor finge dar aula com o objetivo de preencher o livro de chamada e entregá-lo à coordenação. O aluno finge aprender algo, tirar notas acima da média e passar de ano, pois a escola é um lugar entediante. E assim vive-se a teoria da escola, o fingimento. Se ambos os lados se dessem conta de que anseiam pelas mesmas coisas, poderiam transformar a educação das escolas brasileiras em algo útil e produtivo.

No entanto, alguns pais e diretores são resistentes às mudanças. Professores fingem não ver a prática constante de bullying, o que é pior, colocam apelidos ou rebaixam alunos na frente dos demais colegas incentivando uma forma cruel de humilhação. O sinal toca, todos vão para casa fazer qualquer outra coisa. O aluno que sofre o bullying carrega a escola, ou melhor, a humilhação com ele por todos os lugares. Não sai da cabeça, muitas vezes o persegue por toda a vida. Para esse aluno, o sinal nunca soa.

Todos nós precisamos acordar! Por que condenamos somente as explosões de sentimento e a causa que levou a isso fica sempre escondida embaixo do tapete? Até quando teremos filhos deprimidos ou violentos por causa do lugar onde deveriam fazer o melhor por eles? Enquanto estocarmos 40, 50 alunos em uma mesma sala de aula, ninguém os reconhecerá como pessoas. Olhando de longe são apenas uma massa sem sentimentos. Não há como ignorar, somos todos responsáveis.



“Um empurrãozinho de outros garotos é algo muito relevante especialmente quando você sabe que vai acontecer todos os dias, todos os dias, todos os dias. Você fica quase aliviado quando acontece. Fica sempre esperando o próximo ataque.

Não se limitam a machucar você, fazem você se machucar sozinho. Jovens podem ser as pessoas mais cruéis do mundo. Anormalmente cruéis.

Você precisa ser homem. Seja homem! Seja homem! Às vezes você só quer chorar. Às vezes, só o ódio é real no mundo. Você pode deixar de amar, mas o ódio parece continuar pra sempre. As pessoas respeitam o ódio. Ele fala, ele vibra.

Nem precisam de uma arma pra ferir você. Usam palavras, risadas. Gostam de te ver sangrar até morrer. Divertem-se vendo você lutando com o pranto, com um nó na garganta, vermelho, querendo chorar. E te tão um nome: lixo, fracassado, bicha, esquisito, retardado, idiota. O nome faz algo com você, muda o seu ser, altera as moléculas, até que um dia você acorda, se olha no espelho e não se reconhece mais, porque passa a acreditar neles. Eles vencem, você perde. Você quer implorar para ser deixado em paz, mas ninguém escuta porque ninguém se importa, você não tem mais nome. Eles o roubaram. Até que um dia dizem aquele nome, e você ouve um estalo. Você entende o que precisa fazer: reaver o seu nome. E precisa fazê-lo diante de toda a escola, pois foi onde o roubaram. Precisa fazê-lo de forma que todos os garotos se lembrem. É uma questão de justiça, e logo você só consegue pensar num jeito: Jonesboro, Springfield, Paducah, Columbine”.

Trevor Adams, personagem do filme “Bang bang you’re dead”. 


3 comentários:

Unknown disse...

Muito boa a sua reflexão, me inspirei nela p produzir uma dissertação sobre os problemas que o filme aborda, trazendo ainda mais p realidade hoje.
Por enquanto essa é a primeira postagem que eu vejo no teu blog, que por acaso achei no teu comentário de outro blog tratando do mesmo assunto, porém focado no filme.
Um beijo!

Unknown disse...

Muito boa a sua reflexão, me inspirei nela p produzir uma dissertação sobre os problemas que o filme aborda, trazendo ainda mais p realidade hoje.
Por enquanto essa é a primeira postagem que eu vejo no teu blog, que por acaso achei no teu comentário de outro blog tratando do mesmo assunto, porém focado no filme.
Um beijo!

Unknown disse...

Muito boa a sua reflexão, me inspirei nela p produzir uma dissertação sobre os problemas que o filme aborda, trazendo ainda mais p realidade hoje.
Por enquanto essa é a primeira postagem que eu vejo no teu blog, que por acaso achei no teu comentário de outro blog tratando do mesmo assunto, porém focado no filme.
Um beijo!