"Reacendeu-se em mim uma antiga convicção de que as escolas não gostam das crianças (...). Parece que as escolas são máquinas de moer carne: numa extremidade entram as crianças com suas fantasias e seus brinquedos. Na outra saem rolos de carne moída, prontos para o consumo, 'formados' em adultos produtivos".
Rubem AlvesÀs vezes bate um desânimo e a televisão é cúmplice. Diante dela, não movo um só músculo, é estar paralisada tendo o cérebro desintegrado passivamente. Quando me dou conta, lá se foram três, quatro programas e preciosas horas.
É quando percebo: segunda-feira! Abatimento, passo a pensar no que enfrentarei em mais uma tarde cansativa em que os ponteiros parecem rodar para trás em um trabalho que não aturo. Nada produzo e ainda tenho que aguentar seres estúpidos, sem conteúdo.
Mas, nesse intervalo entre a noite de zumbi em frente ao quadrado luminoso e as aborrecidas tardes, ainda há a esperança da manhã, quando vou à escola. Meus alunos poderiam ser a salvação, uma fonte no meio da ignorância. O problema está na enganação do ensino. Já não creio, se é que um dia cheguei a acreditar, em nosso sistema de educação. Tento fazer coisas diferentes, levá-los a um caminho onde possam aprender a raciocinar.
Entretanto, já é tarde. Apesar de ser o começo da semana, eles não me ouvem mais. A escola, assim como a televisão, abduziu suas mentes.
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