Escutei de um colega de trabalho, inconformado com a vitória de Dilma o seguinte discurso:
– A Dilma ganhou graças ao Rio de Janeiro, é brincadeira, esse estado adora eleger mulher".
No momento, eu era a única mulher do recinto e não aguentei:
– Lembre-se de que estou ouvindo isso, hein?
Imaginei que o discurso machista ia acabar ali, mas prosseguiu:
– É verdade, aqui no Paraná, no Rio Grande do Sul e em São Paulo, deu Serra.
Continuei:
– Mas, o estado onde a diferença foi maior foi no Amazonas.
– Ah, mas aqueles estadinhos lá de cima eu nem tomo conhecimento.
Não precisei dizer mais nada, estava traçado o perfil conservador, ignorante e absurdo. Pensei em dizer que abaixo de nós só há Santa Catarina e Rio Grande do Sul, então, por que havia citado Rio de Janeiro e São Paulo? Entendi que o ilustre colega se referia aos estados do Norte e Nordeste do país e certamente pensa ele que Amazonas é estado nordestino. Pobre acéfalo, a única coisa que falei, já que com ignorante teimoso não se discute foi:
– Você está bravo, que, além da sua casa, no país também será uma mulher a mandar.
Depois, saiu falando um monte de asneiras sobre as mulheres. Enquanto isso, para não me aborrecer com tanta estupidez, meu pensamento ia longe: "pode esbravejar, gritar, xingar, tentar humilhar, por mais que fale, ela ganhou e pronto!"
Será que eu posso processá-lo por preconceito? Acho que não há necessidade, nós provamos que somos capazes e iguais na prática. Como disse Dilma, "sim, as mulheres podem".
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