Brasil, um país racista

4.1.12
"Caíram em cima de quem disse que racismo de negro contra branco é justificável. Nenhum racismo é justificável, mas o ressentimento dos negros é".
Luis Fernando Verissimo (em defesa da ex-ministra Matilde Ribeiro, da Promoção da Igualdade Racial)

Estava conversando com uma cabeleireira sobre a ditadura da beleza. Um dos absurdos era a tortura que muitas mulheres se submetem para alisar os cabelos. Então, ela disse que sua filha, uma adolescente de cabelos cacheados, várias vezes foi questionada na escola o porquê de não fazer alisamento. A filha disse: "porque gosto dos meus cabelos assim e se quiser mudar um pouco o visual, peço para minha mãe fazer escova".

É quase uma obrigação, provavelmente é vista como uma aberração, assim como dizer que gosta de ler em um grupo de pessoas que detestam leitura.

Uma de suas professoras, uma imbecil completa, resolveu fazer um concurso de beleza na sala. Primeiramente, escolher a mais bonita já é uma cretinice sem tamanho, mas a professora (preciso continuar chamando-a assim?) resolveu ir além, era necessário eleger a mais bonita e a mais feia. Ganhou como mais feia a filha da cabeleireira, a que não segue a modinha, a que não quer ter os cabelos alisados.

Chegou em casa chorando. Sua mãe mostrou para mim uma foto no celular. Menina linda, magra, olha só, até segue o padrão de beleza, braços longos e finos, poderia ser modelo. Cabelos longos e cacheados, bem cuidados, nada de casa de ferreiro, espeto de pau, a mãe é cabeleireira, há de cuidar dos cabelos da filha.

A mãe respondeu: "você não ganhou por ser a mais feia da sala, você ganhou porque é negra". A filha então, no dia seguinte já estava melhor, porque como disse a mãe: "minha filha tem orgulho da cor de sua pele e de sua origem". Não teve como não me emocionar. Infelizmente são muitos que não se aceitam, não por culpa deles, mas dessa sociedade racista que tenta rebaixá-los, como aconteceu com essa menina.

Está enraizada na nossa cultura, precisamos mudar isso e os nossos colégios precisam de um melhor preparo, não só em conversas entre professores e alunos, como em conteúdos. Só temos a visão do europeu. Onde fica a África nos materiais didáticos? No meu tempo de estudante, não tive uma linha sequer da história da África. Foi preciso, em 2003, ser criada uma lei que obriga as escolas a ensinarem sobre a História da África e dos Africanos. Bem, essa é uma outra discussão que merece um post à parte.

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