Feliz Natal
25.12.09
Passada a crise, neste Natal foram tantas as compras que deu pane no sistema de cartões de crédito e débito. Parece que o povo pensou, "ufa, acabou o tempo de vacas magras, vamos torrar tudo, inclusive com inutilidades". Ontem, fui a um shopping aqui onde moro, na cidade que um dia se auto-proclamou de "cidade de primeiro mundo". Resolvi fazer as unhas, porque nos demais 364 dias não cuidei das mãos. Correria de trabalho, enfim, acho que merecia poder olhar para os dedos sem vergonha de escondê-los.
Mas, no mesmo andar do salão, lá estava ela, uma enorme urna transparente onde a burguesia curitibana depositava cupons para concorrer a um carro. A cada R$ 300,00 em compra, o consumidor tinha o direito de preencher um cupom. Aquilo transbordava de papel e me bateu enorme tristeza e vazio. Como somos fúteis, e eu me incluo nisto porque possuo também um cupom lá. Gastamos tudo isso em presentes para mostrar aos outros que temos dinheiro, "sim, posso comprar um presente caro para você, mesmo que depois fique no vermelho. Tenho de mostrar status".
Se as pessoas tivessem deixado de gastar todo aquele dinheiro e dessem para quem necessita, não digo só na Ceia de Natal, mas todos os dias, certamente mais gente seria alimentada. Brasileiros, estrangeiros, todos que vivem na miséria, que passam por nós e que fechamos os vidros de nossos carros importados. Aqueles que não possuem carro, de repente poderão ser sorteados e fazer o mesmo, apertar o botão ao lado e pronto, a miséria some atrás do vidro escuro.
Afinal, o que é o Natal? A chegada do Papai Noel? Então você se mata de trabalhar o ano inteiro, sua para dar um presente a seu filho e quem leva a fama é o "bom velhinho"? Natal, caso não se recorde, é a comemoração do nascimento de Cristo, o homem mais socialista da História. Não é à toa que ateus, mesmo sem acreditarem em Deus, admiram as histórias do Filho.
Cansei-me dessa comercialização de datas importantes para nós cristãos. Já não compro mais presentes de Natal, quer dizer, somente para minhas sobrinhas, presentei-as com livros. Quando viram o Papai Noel, as duas se desesperaram, choraram, não queriam saber de chegar perto do barbudo. Acho que elas no fundo concordam com a tia...
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Um comentário:
e o que aconteceu logo depois do Natal? Angra? Haiti? será que você tava profetizando algo?
a gente sempre vai ter tristezas, sempre vai haver desigualdades.acho que dá pra mesclar as futilidades com a vida real e seguir sendo "feliz" desse jeito. nenhum dos dois excessos é bom.
promessa pra 2010: não vou mais ficar tanto tempo sem vir.
beijos, amore
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