Memórias de família*

20.6.09


Existem certas histórias de família que se perdem para sempre. As pessoas envolvidas morrem e alguns momentos são enterrados juntos. Na minha família, graças às tias e à minha mãe, os pequenos e engraçados eventos permanecerão na memória dos filhos que passarão adiante para netos, bisnetos e quem vier depois.

Minha mãe e minhas duas tias moravam cada uma em um canto diferente do país. Minha mãe sempre me contava as memórias da família. O que eu não sabia é que minhas tias faziam o mesmo com suas filhas. Quando me juntava com as primas, elas também sabiam das situações cômicas que aconteceram bem antes de nascermos.

Um parente que levou bronca de sua mãe, ficou fulo da vida e sem saber falar direito respondeu com os dentes de leite arreganhados: "disgaçada, vontade que eu tenho é de fincar essa vassoia na tuia cabeça". E um outro menino feliz por ver o Papai Noel e seu pai tirando toda a sua ilusão, "ah, esse não é o Papai Noel, é o bêbado Fulano de tal", o filho, furioso, respondeu: "que raiva, vou chutar tuas batatas!".

Ou então a gata Dedé, mascote da família, que aprontava um monte. Ela gostava de emborcar um cágado também de estimação só para ver o pobre bicho se debater. Também colocava a pata em cima do disco enquanto rodava na vitrola. Ela era DJ, fazia scratch. Minha mãe uma vez a levou para tirar foto 3X4. Ainda temos a foto, atrás do retrato há o carimbo do ano, 1968.

Há também um tio-avô ateu e comunista que estava muito mal no hospital. Passou um padre, colocou uma hóstia em sua boca e ele mais do que depressa a cuspiu em um balde sujo. Outro também ateu dizia: "vão com Deus... e o diabo que me carregue".

Se eu e minhas primas fôssemos contar tudo o que ouvimos, daria para escrever um livrão. Está tudo guardado em nossas cabeças. Quando eventualmente nos encontramos, relembramos um pouco dessas divertidas histórias, e é claro, as nossas também.


*Esse texto foi inspirado na postagem da minha amiga Carolina, que está no Esculacho.

4 comentários:

february star disse...

não é plágio mesmo, até porque ficou muito melhor do que o meu! hahahaha

adorei todas as histórias! amei a gatinha dj! e seu tio comunista hein...acho que eu teria gostado de conhecê-lo.

nada é melhor do que a família da gente.

beijão

Eugenio disse...

"Se eu e minhas primas fôssemos contar tudo o que ouvimos, daria para escrever um livrão."
Viu só? Precisa dizer mais?
Bjs

Prima Bi disse...

Nossa, como são legais os nossos causos de família! Lembro da mãe falando da Dedé fazendo "dragão", e dizendo que a Olga Benário salvou a vida da Tia Zico (você conhece essa???)! Ficou faltando citar uma clássica: a Heleninha no berço, com a mão enfiada na boca, cheia de cocô! hahahahaha

Como eu amo vocês, nossa...

Beijos!

* disse...

Dessas que a Bi falou, eu não conheço nenhuma!! :O