O mestre

31.7.08



Minha vida acadêmica se iniciou em uma Universidade Federal. Com o retorno à minha cidade natal, transferi meu curso para uma faculdade particular. Na primeira aula à noite, levei junto todo pessimismo causado por preconceito que sentia por cursos superiores pagos. Não esperava nada dos colegas e professores. As alunas andavam bem vestidas, de salto, maquiadas e cabelos penteados sem um fio fora do lugar. Sentei-me próxima à porta, na primeira mesa grudada à parede para ter o menor contato possível. Só haveria gente atrás e do lado esquerdo. A frente e a direita estavam protegidas.

Depois de alguns minutos, observei com mais atenção que algumas colegas trajavam uniformes. Outras falavam sobre o trabalho. Percebi que muitas usavam certas roupas por causa do emprego e não porque gostavam de ostentar qualquer posição social. Senti-me mal por criticá-las mentalmente, ainda mais que algumas vieram puxar papo.

O professor entrou na sala, deu boa noite, explicou o que seriam suas aulas naquele semestre e começou a aula. Concentrada, vi que o professor possuía muito conhecimento e sabia muito bem como conduzir a aula. Mas, ainda me perseguia um certo ceticismo e não pude dar o braço a torcer duas vezes naquela noite. Deixei a decisão para a segunda aula.

Esse mesmo professor lecionava outra cadeira para aquela turma. A aula foi tão maravilhosa quanto à primeira. Com o tempo, descobri que, além de ótimo mestre é também uma pessoa atenciosa e tranqüila. Sabe o nome de todos os alunos e ex-alunos. Ensina, no caso do curso de Jornalismo, não só a escrever, mas a procurarmos o lado humano da notícia e faz com que nos surpreendamos ao constatar que ela é mais interessante quando vem de pessoas mais simples.

Não é novidade para quem o conhece. Também não é à toa que é homenageado em quase todas as formaturas do curso de Jornalismo da PUC-PR. José Carlos Fernandes, digo, Zeca, como ele mesmo se apresenta, íntimo, em cada nova turma, é assim, grande amigo dos estudantes e professores. Quando por acaso encontro algum aluno de Comunicação da PUC, pergunto: “tem aula com o Zeca?” e logo a pessoa modifica a expressão facial sempre acompanhada de um sorrisão e fala: “Ah, o Zeca é o máximo”! E completa: "ele será o nome de turma da minha sala".

Um comentário:

february star disse...

é porque o zeca tem uma das coisas mais lindas que um ser humano pode ter: vocação.

aliás, se um dia eu virar escritora, vc será uma das primeiras pessoas a quem vou agradecer. seus comentários no meu blog sempre me deixam pra cima.

beijão!