O Vasco e a Barbie

11.1.08
Estava entrando no supermercado quando um menino de uns cinco anos cantando aos gritos "eu sou um negro gato" puxava sua mãe para dentro do estabelecimento. O guri, vestido com uma camiseta do Vasco, estava vermelho de tanto berrar. Alguns adolescentes começaram a rir do moleque que nem percebeu o sucesso que estava fazendo.

Resolvi, boba alegre, cantar para ele "vamos todos cantar de coração, a cruz de malta é o meu pendão". O mini-vascaíno me olhou com uma cara muito estranha e pensei, pronto vai cuspir em mim. Para minha surpresa, o menino se envergonhou e foi se esconder atrás de sua mãe. Desta vez eu que fiquei vermelha, com cara de idiota. Ué, não era ele que estava cantando "Negro gato" quase botando os pulmões para fora e eu, colorada, fazendo um sacrifício, não podia cantar em homenagem a ele o hino do Vasco?

Saí fracassada do supermercado e uma menina de uns sete anos conversava animadamente atrás de mim com uma mulher. A menina de repente soltou: "sabia que não acho mais Barbie em lugar nenhum do mundo? Já fiz pesquisa em todas as redes e não encontro. Não estão mais fabricando na China". E a mulher disse: "ah, é?"

Eu tive vontade de entrar também naquela conversa, achei uma graça como ela falava. Mas, lembrei-me do vascaíno negro gato e me contive. Às vezes tenho surto de Clarissa, personagem de Erico Verissimo que sentia um forte desejo de dar bom dia a todos na rua e abraçar todos seus conhecidos. Eu às vezes sinto vontade de sair conversando com todos na rua. Porém, as crianças, seres puros com quem poderia compartilhar esse impulso são más, elas debocham da minha cara, se fingem de tímidas quando na verdade são umas arteiras. Eu devia ter cantado "uma vez Flamengo, sempre Flamengo" para aquele fingidinho.

5 comentários:

Unknown disse...

Aêee....
Muito bom este post...
uma vez flamengo....

Parabéns pelo blog.

abraço.

Ana Paula disse...

Muito bom o post!
você conseguiu me prender com essa crônica, inclusive tive vontade de ler mais textos seus...
e é o que farei!
tão simples e tão... lindo!

Osmar Mesquita disse...

Obrigado por comentar no :

http://bombadigital.blogspot.com

^^

adorei seu comentarioo..
^^

bj

* disse...

Por acaso o supermercado era o Vál Marte? :P

Luiza Prestes Karam disse...

Siiiiim, foi no Valmarte! Mas essa história não é totalmente verdadeira, não achei o moleque para cantar o hino.