Anjo Quintana
30.7.06
Coisinha querida...
Hoje é o dia dele, grande poeta Mario Quintana. Em 1964, minha mãe morava em Santa Maria e foi visitar uma parente em Porto Alegre. Todos os dias, ela telefonava para o jornal "Correio do Povo" para pedir o endereço do Mario Quintana, que na época, escrevia para o jornal. Lógico, eles não forneciam a informação. De tanto insistir, a voz do outro lado da linha disse:"Ô, guria, por que tu não vens aqui conhecê-lo? Ele está aqui todos os dias". E lá foi ela conhecer o poeta. Ao chegar lá, sentou-se em uma cadeira e todos na redação ficaram também em volta. Todo mundo queria ouvir o que ele tinha a dizer. Mesmo ele estando sempre lá, era como se fosse uma novidade. E assim são também seus poemas, uma nova descoberta, por mais que já tenham sido lidos.
O MORTO
Eu estava dormindo e me acordaram
E me encontrei, assim, num mundo estranho e louco...
E quando eu começava a compreendê-lo
Um pouco,
Já eram horas de dormir de novo!
Mario Quintana
A RUA DOS CATAVENTOS
Da vez primeira em que me assassinaram,
Perdi um jeito de sorrir que eu tinha.
Depois, a cada vez que me mataram,
Foram levando qualquer coisa minha.
Hoje, dos meu cadáveres eu sou
O mais desnudo, o que não tem mais nada.
Arde um toco de Vela amarelada,
Como único bem que me ficou.
Vinde! Corvos, chacais, ladrões de estrada!
Pois dessa mão avaramente adunca
Não haverão de arracar a luz sagrada!
Aves da noite! Asas do horror! Voejai!
Que a luz trêmula e triste como um ai,
A luz de um morto não se apaga nunca!
Mario Quintana
Postado por Ana Luiza
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Um comentário:
Eu conhecia o Mário Quintana só de ouvir falar (o que é um erro)mas agora a Ana Luiza mostra coisas dele e eu aprendo um pouco mais.
Postar um comentário