Dia do comércio

11.12.11


Ontem fui ao shopping, diga-se de passagem, loucura de minha parte ir nessa época do ano. Fui lá buscar minha mãe para irmos a outro do lado oposto da cidade porque ela queria ir a uma livraria maravilhosa procurar livros do Cortázar em espanhol. Enquanto estava naquela esteira rolante, parada porque o casal da frente estancou por preguiça de andar e eu não estava a fim de pedir licença porque não aguento mais cara feia de curitibocas quando dirijo a palavra a eles, eu, como boa católica levantei meus olhos a um certo ângulo e pensei: "Jesus, que merda fizeram com teu nascimento"?

Parece papo de evangélico, mas não é. Esses dias, entrei na sala de aula após uma aula de Filosofia. Ou seria Sociologia? Não importa, o fato é que havia uma pergunta no quadro: "Por que Jesus pode ser considerado rebelde"? Ou seja, essa questão é discutida fora das aulas de Ensino Religioso. Enfim, mesmo que você não seja cristão ou nem acredite em Deus, vamos analisar a figura de Jesus Cristo. Sim, porque até mesmo alguns comunistas admiravam o Filho, já o Pai... 

Vamos lá, Jesus Cristo era um cara revolucionário, queria transformar a sociedade em que vivia em algo mais justo. Dois mil anos depois e ainda tem vários seguidores (não da mesma forma do Twitter, ele não precisa disso). Lembrando também que nasceu no meio de animais porque seus pais não tinham onde ficar quando foram a Belém. Então, uma pessoa humilde, certo? E o que fizeram? O disparate de transformar a comemoração do seu nascimento na coisa mais absurda que poderia existir: esbanjamento de dinheiro, compras de presentes para pessoas que você nem gosta, mas tem de mostrar o seu lado rico, "olha, eu posso comprar", porque hoje vale mais o "ter" do que o "ser".

Isso é visto como algo tão normal que todos os anos mostram matérias em telejornais sobre como está o comércio deste ano, se as lojas arrecadaram mais ou menos em relação ao ano anterior. E ainda no final desejam a nós um feliz Natal. Fico imaginando aquelas pessoas que não têm comida na mesa todos os dias e em especial na noite de Natal, enquanto outros se empanturram de peru e o que sobra jogam fora.

Ah, a magia do Natal. Que magia? Só se for de ver panetones e chocotones amontoados uns sobre os outros em uma pilha de 100 metros sem cair no meio do supermercado. Já tenho o primeiro item da minha lista de tarefas para realizar no ano que vem: não colocar os pés em um shopping center em dezembro. Mais uma coisinha, na excelente livraria, não havia livros do Cortázar no original, quer dizer, perdi meu tempo e minha paciência.

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