Caixa de pandora

"Todas as ciências de baixa tecnologia
Todas as cores escondidas nas nuvens da rotina
Pra gente ver por entre os prédios e nós
Pra gente ver o que sobrou do céu."
Marcelo Yuka

Não só do atraso vive meu país. Os homens detentores de cargos públicos guiados pela preguiça, ganância e egoísmo não fizeram a lição de casa. Era fácil, mas uma simples cápsula foi transformada em toneladas, como um câncer que se espalha de célula para célula. Agora o lixo descansa embaixo do chão, do solo de nossa mãe gentil. Pátria, olhaste por eles? Aqueles que tiveram o corpo desfigurado, as vidas destruídas só porque se encantaram como se fosse o céu azul, tão brilhante, mais intenso à noite. Olha, brilha! Sete, o número mágico do pesadelo, presente em setembro, 1987, Césio-137, Rua 57. Goiânia, alguém te ama?

Não bastasse o erro de deixar abandonado material radioativo dentro da desativada Santa Casa de Misericórdia onde qualquer um poderia entrar, depois da tragédia, as autoridades colocaram bombeiros, policiais, médicos e outros profissionais em contato com pessoas e objetos contaminados, aumentando ainda mais o número de vítimas. O perigo ainda existe, pois é possível vinte anos depois encontrar alguns vestígios de radiação causada pelo Césio na capital de Goiás, além do lixo atômico enterrado. Na foto, o local que guarda o passado repugnante.